Inglês para crianças: qual a idade ideal para começar?
Estudo recente no MIT indica que a melhor fase para aprender o segundo idioma é maior do que se imaginava
Defendemos com convicção o lema: “Quanto mais cedo, melhor” quando o assunto é aprender inglês. A razão é simples: o cérebro tem maior plasticidade quando recebe o aprendizado desde a tenra idade.
Felizmente, o aprendizado de um segundo idioma continua sendo possível para adultos (ufa!), apesar da constatação que é mais rápido e mais próximo do nativo quando se estuda antes, provavelmente por motivos biológicos ou culturais tais como as responsabilidades e prioridades da vida adulta.
A Pesquisa 2018 MIT (Massachusetts Institute of Technology)
Este novo estudo corrobora com nossa experiência ao evidenciar que as crianças mantêm um aprendizado mais natural se estiverem estudando principalmente até os 17 e 18 anos.
Aprendizes rápidos
É típico às crianças pegar mais facilmente novas línguas do que aos adultos — um fenômeno frequentemente visto nas famílias que imigraram para um novo país — esse padrão tem sido difícil de ser estudado em um laboratório.
Pesquisadores que trouxeram adultos e crianças para um laboratório, ensinaram a eles alguns elementos novos de uma língua e então os testaram, descobrindo que os adultos eram melhores aprendendo sob aquelas condições. “Pesquisas como essas não replicam o processo de longo prazo em aprendizagem”, afirma Joshua Hartshorne, que conduziu este estudo como sua pós-graduação no MIT.
Como a pesquisa foi realizada
Os achados são baseados em análises de um quiz de gramática feito por aproximadamente 670.000 pessoas, que é de longe o maior conjunto de dados que alguém já reuniu para um estudo de habilidade para aprender línguas.
Acompanhar as pessoas enquanto elas aprendem um novo idioma ao longo de muitos anos é difícil e consome tempo, então os pesquisadores apresentaram uma abordagem diferente. Eles decidiram pegar registros de centenas de milhares de pessoas que estavam em diferentes estágios do aprendizado do inglês. Através da apuração da habilidade gramatical de muitas pessoas de diversas idades, que começaram a aprender inglês em pontos diferentes da vida deles, eles puderam conseguir dados o suficiente para chegar a algumas conclusões significativas.
A estimativa original de Hartshorne era que eles precisariam de, no mínimo, meio milhão de participantes — algo sem precedentes para este tipo de estudo. Confrontado com o desafio de atrair tantos tópicos de teste, ele iniciou a jornada criando um quiz de gramática que seria divertido o suficiente para viralizar.
Com a ajuda de alguns estudantes do MIT, Hartshorne procurou com cuidado informações em estudos científicos sobre o aprendizado de línguas. O objetivo era descobrir as regras gramaticais mais prováveis de causar problemas a não nativos.
Para convencer mais pessoas a fazer o teste, ele também incluiu questões feitas para revelar qual dialeto do inglês a pessoa falava. Por exemplo, um falante de inglês do Canadá pode achar correta a frase “I’m done dinner”, enquanto a maior parte dos outros não.
Algumas horas após o quiz ter sido postado no Facebook, ele viralizou.
“As próximas semanas foram gastas para manter o website rodando, pois o tamanho do tráfego era muito grande,” Hartshorne contou. “Foi assim que eu soube que o experimento era divertido o suficiente.”
Um período crítico longo (a suposta ‘janela de aprendizagem’)
Depois de fazer o quiz, os participantes recebiam uma pergunta sobre a idade deles, e em qual momento e idade eles começaram a aprender inglês, assim como outras informações sobre a bagagem relacionada à língua. Ao final, os pesquisadores conseguiram uma grande quantidade de dados.
“Nós tivemos que separar quantos anos alguém investiu estudando o idioma, quando eles começaram a falar e qual tipo de exposição ao idioma eles tiveram: se estavam aprendendo em uma sala de aula ou se eram imigrantes em um país anglófono, por exemplo”, diz Hartshorne.
Os pesquisadores desenvolveram e testaram uma variedade de modelos computacionais para ver qual era o mais consistente com os resultados deles, e descobriram que a melhor explicação para os dados é que a habilidade de aprender gramática continua firme até os 17 ou 18 anos. Porém, daquele ponto em diante, ela começa a ficar reduzida. Os achados sugerem que o período crítico para aprender uma língua é muito maior do que os cientistas cognitivos pensavam anteriormente.
“Foi surpreendente para nós”, conclui Hartshorne. “O debate tem girado em torno dessa pergunta: se essa habilidade declinava a partir do nascimento, se começava a declinar aos 5 anos, ou na puberdade.”
Os autores notam que os adultos ainda são bons em aprender línguas estrangeiras, mas será menos fácil atingir o nível de um falante nativo se começarem a aprender somente na idade adulta.
Os pesquisadores sugerem que os fatores culturais podem ter influência nisso, mas ainda pode haver mudanças na plasticidade do cérebro que ocorre perto dessa idade.
É possível que haja uma mudança biológica, assim como é possível que seja algo social ou cultural.
Hartshorne agora planeja realizar alguns estudos relacionados em seu laboratório no Boston College, incluindo um comparando falantes nativos e não nativos de espanhol. Ele também deseja estudar se aspectos individuais da gramática têm diferentes janelas de aprendizagem e se outros elementos da habilidade linguística, como o sotaque, têm um período crítico mais curto.
Os pesquisadores também esperam que outros cientistas façam uso de seus dados, publicados online, para estudos adicionais.
“Há muitas outras coisas acontecendo nesses dados que alguém poderia analisar”, diz Hartshorne. “Queremos chamar a atenção de outros cientistas para o fato de que os dados estão disponíveis e eles podem usá-los”.
Aparentemente, deduzimos que a pesquisa teve foco único no aprendizado do segundo idioma por falantes não nativos de inglês.
Nossa experiência de quase 3 décadas na Alt Idiomas nos permite afirmar por observação que uma vez atingido o nível avançado no segundo idioma, o cérebro desenvolve uma incrível plasticidade que facilita o aprendizado do terceiro ou quarto.
Além dos motivos mais óbvios como maior empregabilidade e vantagens culturais, aprender o segundo idioma antes da fase adulta é um presente incrível que damos ao nosso cérebro para o resto da vida.
Gratos pelos nossos pais, tios, avós por terem investido quando muitos de nós na equipe Alt éramos crianças ou adolescentes. E claro, somos gratos também àqueles que fazem o mesmo hoje por seus filhos, sobrinhos, netos e amigos. Nossos queridos alunos aqui.
A pesquisa foi financiada pelos National Institutes of Health and MIT’s Center for Minds, Brains, and Machines.